A terapia ocupacional no tratamento da Mielomeningocele

Você sabe o que é terapia ocupacional?

A Terapia Ocupacional é a utilização terapêutica das atividades relacionadas ao autocuidado, trabalho e até mesmo às atividades lúdicas, com o objetivo de incrementar a função independente, melhorar o desenvolvimento e prevenir a incapacidade. Também pode ser incluída na terapia a adaptação de tarefas ou do paciente com o meio ambiente para alcançar a máxima independência e melhorar a qualidade de vida.

Foto: Diário Web

Muito utilizada na reabilitação de crianças com Mielomeningocele, o método mais eficaz é o que se baseia na integração e conjunção dos métodos Neuroevolutivo Conceito Bobath, Facilitação Neuromuscular Proprioceptiva, Kabat e na Integração Sensorial.

Segundo artigo da terapeuta ocupacional Silvana Vieira Martins, publicado no livro “Mielomeningocele”, o primeiro passo da terapia ocupacional é a entrevista do profissional com os pais da criança, quando serão fornecidos detalhes da gestação, do parto, histórico familiar e de quais cirurgias e exames foram feitos até então. Por isso, a avaliação e o acompanhamento do médico responsável são de máxima importância neste processo.

Dentro desta abordagem, a terapia ocupacional avalia o paciente baseado no conhecimento do desenvolvimento e do movimento motor normal, identificando suas limitações funcionais, para que se possa utilizar recursos apropriados durante o tratamento. Após a observação da movimentação global da criança e do que ela é capaz de realizar sozinha é sistematizado um plano de tratamento baseado nas dificuldades apresentadas e nos objetivos a serem alcançados.

As crianças com mielomeningocele normalmente apresentam alterações de equilíbrio do tronco, que dificultam o desempenho dos membros superiores. Para estimulação deste equilíbrio, utilizam-se as bases móveis do Standarte, banco de mobilidade pélvica e balança de integração.

O Standarte é um equipamento multifuncional, usado tanto na avaliação quanto no tratamento, que possui vários acessórios que se compõe e podem variar de acordo com a necessidade do paciente e a função a ser desenvolvida pelo terapeuta.

Como pode haver graus diferentes de comprometimento do sistema motor, sensitivo, renal e da hidrocefalia, o prognóstico de reabilitação é particular para cada criança. O terapeuta traçará seu plano de tratamento e objetivos de acordo com a avaliação de cada paciente individualmente.

A terapia ocupacional também visa promover a independência nas atividades da vida diária, adaptações no ambiente domiciliar e confecção de próteses para membros superiores quando necessário. Além disso, o terapeuta ocupacional orienta os professores e auxiliares que acompanham o paciente na escola.

Os tratamentos clínicos e de reabilitação, mais a atenção e orientações aos familiares feitos precocemente, determinam um grau de autonomia e independência do paciente e sua inclusão social.

Aliás, a participação dos pais é essencial no dia a dia da criança, pois as atividades trabalhadas em terapia também deverão ser orientadas à família para que possam, assim, contribuir para um melhor desenvolvimento das funções da criança.

Recomenda-se que, durante os afazeres diários, os pais estimulem a criança a realizar tarefas sozinha, de acordo com o desenvolvimento em que se encontra, como: comer sozinha, vestir-se e despir-se, escovar os dentes, pentear-se, lavar o rosto, os cabelos, banhar-se. Enfim, explorar suas potencialidades, o que servirá também para a auto-estima.

Silvana lembra que não devemos nos esquecer de que o paciente com Mielomeningocele não é parte isolada de membros e órgãos, mas sim uma pessoa que sente, raciocina, tem medos, desejos e anseios próprios e que, portanto, deverá ser respeitado. Ao se sentir respeitada, essa criança, terá um desenvolvimento satisfatório dentro de suas potencialidades e será muito mais feliz.

Fonte: Livro “Mielomeningocele: o dia a dia, a visão dos especialistas e o que devemos esperar do futuro”.