quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Verdades e Mitos



1- A calvície é genética.
Verdade. A alopecia androgenética ou calvície, como é chamada popularmente, é determinada pela genética do indivíduo em combinação com os hormônios masculinos. A presença de receptores androgênicos herdados na raiz dos cabelos, ao se ligarem com a fração de diidrotestosterona (DHT) do hormônio testosterona, promove a atrofia da raiz (afinamento e miniaturização dos fios) e a perda definitiva do cabelo. A calvície atinge 80% dos homens e cerca de 30% das mulheres. Quanto mais precoce, mais severo é o quadro.

O uso frequente de gorros, toucas ou bonés aumenta a calvície, pois deixa a cabeça abafada, favorecendo o desenvolvimento de fungos, que desencadeiam a dermatite seborreica que leva ao desenvolvimento da oleosidade capilar. Por outro lado, o uso de gel ou cremes capilares não induz à calvície, assim como lavá-los diariamente não é prejudicial.

João Carlos Pereira, Dermatologista

2 – Canja de galinha é tratamento para a gripe.
Verdade. Já foi evidenciado por estudos científicos que líquidos quentes parecem facilitar a expectoração de mucos presentes nos processos inflamatórios das vias aéreas superiores, muito provavelmente pela inalação dos vapores através das narinas. Esse efeito também se deveria ao aumento do movimento dos cílios do aparelho respiratório em função da temperatura, que propiciaria a eliminação do muco.

Estudos feitos por cientistas brasileiros e americanos demonstraram que a canja tem um componente diferencial em relação às outras sopas: o aminoácido cisteína. Tal aminoácido tem a propriedade de agir sobre o muco, tornando-o mais fluido, o que facilita, consequentemente, a sua eliminação. Outros estudos apontam também para a existência de compostos anti-inflamatórios na canja que aliviam o mal-estar causado pelos processos inflamatórios virais, como no caso das gripes.
Letizia Nuzzo, Nutricionista

3 – Ovo de codorna e amendoim são alimentos afrodisíacos.
Mito. Embora os poderes afrodisíacos dos alimentos não sejam comprovados cientificamente e as pesquisas apontem como responsáveis por esse efeito a autossugestão, o pensamento que conduz à fantasia que desperta a excitação e o bem-estar e sensações agradáveis que os envolvem, é fato que certos alimentos são fontes de nutrientes, que podem estar diretamente relacionados com uma função sexual específica. Em relação aos ovos de codorna, são fontes de proteínas, com quantidades consideráveis de vitamina B1 e B2, além de cálcio, ferro e fósforo. Não há, porém, qualquer evidência científica que comprove seu efeito afrodisíaco. Tal mito pode residir no fato de a ave copular várias vezes, em um intervalo de tempo reduzido e, daí, associar-se “o bom desempenho sexual” ao consumo de seus ovos. Quanto ao amendoim, também não dispomos de pesquisas que atribuam a esse alimento qualquer efeito em particular, mas, em se tratando de uma oleaginosa, podemos dizer que é um alimento energético rico em vitamina B3. Essa vitamina, em grandes doses, promove maior dilatação dos vasos sanguíneos, o que poderia suscitar a associação desse efeito ao incremento do “vigor sexual”.
Letizia Nuzzo, Nutricionista

4 – Dormir depois do almoço melhora o desempenho cognitivo.
Verdade. Existem poucos estudos que investigam o efeito de um breve cochilo na consolidação de memórias declarativas – as que envolvem fatos e eventos. A maioria desses estudos descreve um melhor desempenho após o sono, quando comparado com a vigília, mostrando melhoras na eficiência de 4 a 46% na memória para pareamento de palavras após uma sesta. Do ponto de vista psicológico, cochilar depois das refeições é positivo. Além de privilegiar o descanso físico, as propriedades antiestresse garantem a calma, a concentração, o foco e a atenção durante os treinamentos. Vários estudos sugerem ainda que um cochilo possa ajudar uma pessoa a se lembrar do que acabou de aprender, mas ela precisa de períodos mais longos, com os olhos fechados, para extrair o pleno potencial do sono.

* Texto retirado da revista MedAtual



segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Bactérias contra o Câncer

Nos últimos dias, pelo menos duas pesquisas divulgaram avanços importantes no uso de vírus para combater células cancerígenas. "Vírus ataca e destrói câncer infantil" e"Vírus da vacina contra varíola ataca células cancerígenas"


Agora, porém, é a vez das bactérias.


Um grupo de cientistas europeus descobriu que uma linhagem da bactéria Clostridium sporogenes - uma bactéria comum no solo - ataca diretamente células tumorais no organismo.

Ação da bactéria
Os esporos da bactéria são injetados no organismo, mas apenas se desenvolvem nas condições encontradas no interior dos tumores sólidos, onde eles produzem uma enzima bacteriana específica.

A seguir, um fármaco anticâncer é injetado separadamente, em uma forma inativa, que os cientistas chamam de "pró-droga".

Quando a pró-droga atinge o tumor, a enzima da bactéria do solo ativa a droga, permitindo que ela destrua apenas as células nas suas vizinhanças, ou seja, as células do próprio tumor.

Como a ação é local, a droga não atinge os tecidos saudáveis, evitando os efeitos colaterais próprios das quimioterapias.

Testes da nova terapia
Os pesquisadores das universidades de Nottingham e Maastricht, no Reino Unido, introduziram um gene no DNA da bactéria C. sporogenes para "melhorar" a enzima produzida pelos esporos.

Isso permite que a enzima seja produzida em quantidades muito maiores quando os esporos atingem o tumor, além de ser mais eficaz na ativação da pró-droga.
Com isto, os médicos esperam obter a autorização para colocar a terapia em testes, que poderiam começar em 2013.

Bactérias que não gostam de oxigênio
"As Clostridia são um antigo grupo de bactérias que se desenvolveram no planeta antes de haver uma atmosfera rica em oxigênio, ou seja, elas se desenvolvem em condições de baixo oxigênio.

"Quando os esporos são injetados em um paciente com câncer, eles só vão crescer em ambientes sem oxigênio, isto é, no centro de tumores sólidos.

"Este é um fenômeno totalmente natural, que não exige alterações fundamentais e é perfeitamente específico. Podemos explorar essa especificidade para matar as células tumorais, mas deixar o tecido saudável incólume," explicou o Dr. Nigel Minton, coordenador da pesquisa.

Se tiver sucesso, a terapia pode se tornar uma solução única para uma grande variedade de tumores sólidos.

TEXTO RETIRADO DA REVISTA MEDATUAL

segunda-feira, 22 de agosto de 2011

AINEs - Vantagens e Riscos


Consumidos de forma irresponsável,os anti-inflamatórios não esteroides podem causar reações adversas

Fonte de inúmeros debates, os Anti-Inflamatórios Não Esteroides (AINEs) estão entre os medicamentos mais consumidos em todo o mundo. Usados para combater da dorzinha incômoda nas costas às topadas no dedão, eles estão presentes no dia a dia de todos nós. Prova disso é o grande número de pessoas que carrega consigo um desses remédios e o distribui para colegas e familiares como se fosse uma solução milagrosa para todos os problemas.

São comprimidos, cremes, pomadas, gotas e injeções que prometem alívio imediato. No entanto, o uso indiscriminado de fármacos aparentemente inocentes, como a popular Aspirina, pode ter consequências trágicas. “Os AINEs surgiram em 1897, e fizeram uma revolução no universo dos anti-inflamatórios, que na época se resumia a compostos altamente tóxicos do ponto de vista terapêutico”, afirma a farmacologista e pesquisadora Magna Suzana Alexandre Moreira, professora adjunta da Universidade Federal de Alagoas (UFAL).

Segundo Magna, os AINEs destacam-se entre os grupos farmacêuticos mais utilizados na medicina por conta de sua eficácia em suprimir dor e inflamação. “São medicamentos com um amplo espectro de indicações terapêuticas, entre elas analgesia, anti-inflamação, antipirese e até mesmo profilaxia contra doenças cardiovasculares.” Ainda de acordo com a professora, publicações científicas recentes sugerem que a família dos AINEs poderia ser eficaz na prevenção de doenças neurológicas, como o Alzheimer, além de constituir uma opção terapêutica para casos de câncer.

Para Daniel Feldman, professor do Departamento de Reumatologia da Universidade Federal de São Paulo (UNIFESP), a importância dos anti-inflamatórios é indiscutível. “Eles são indispensáveis para uma série de doenças inflamatórias crônicas. O uso dos AINEs deve ser avaliado como o de qualquer outro medicamento. É preciso balancear benefícios e malefícios. O ganho de qualidade de vida para pacientes com problemas como artrite reumatoide, gota e osteoartrite é infinito.”

COXIBEs em debate
Os AINEs são agentes inibidores da ciclo-oxigenase (COX), divididos em duas classes, seletivos ou não. Os inibidores não seletivos, conhecidos como tradicionais ou convencionais, são os mais antigos da família. Estão nessa classe alguns dos medicamentos mais conhecidos pelo público em geral, entre eles a Aspirina e o Cataflam.

Aparentemente inofensivos, os AINEs tradicionais são utilizados de forma indiscriminada e sem acompanhamento médico. “O uso irracional de tais fármacos pode ocasionar diversas reações adversas. As mais comuns são alergias, problemas respiratórios, lesões do trato gastrintestinal, anormalidades da coagulação e lesões renais”, alerta a farmacêutica Aline Cavalcanti de Queiroz.

Foco das polêmicas recentes, os AINEs seletivos para a COX-2, também designados COXIBEs, entraram em evidência com o lançamento do Vioxx, em 1999. Anunciado como um dos remédios mais eficazes no tratamento da artrite, o fármaco também prometia acabar com a dor sem os efeitos colaterais dos anti-inflamatórios tradicionais, sobretudo as úlceras e os sangramentos gastrintestinais. “Eles melhoraram a tolerabilidade gástrica. Entretanto, a presença de efeitos adversos cardiovasculares reduziu o ânimo inicial relacionado ao uso desses fármacos”, afirma Magna. De fato, o entusiasmo foi interrompido de forma brusca quando o laboratório americano Merck Sharp & Dohme, fabricante do Vioxx, determinou, em 2004, a retirada completa do remédio no mercado mundial, após a divulgação de estudos que relacionaram o uso do medicamento ao aumento de riscos de infartos e derrames. “Ficou constatado que o uso crônico pode facilitar a formação de trombose. Apesar de não ser um efeito colateral comum, ele é bastante significativo, especialmente para pacientes com histórico de problemas relacionados”, afirma o cardiologista Carlos Vicente Serrano Jr., do Instituto do Coração. O especialista acredita que o controle deve vir, em primeiro lugar, do médico. “Uma avaliação criteriosa de riscos e benefícios é essencial ao receitar qualquer tipo de remédio e com os AINEs não deve ser diferente.”

A repercussão foi imediata, e não poderia ser para menos. No Brasil, o Vioxx liderava a lista dos anti-inflamatórios mais vendidos, e o episódio colocou sob suspeita todos os AINEs inibidores da COX-2, entre eles os também populares Arcoxia, Prexige e Celebra. Prova disso foi a série de medidas tomadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) nos últimos anos.
Em 2008, o órgão incluiu os princípios ativos desses medicamentos na lista de substâncias sob controle especial, que passaram a ser comercializados com a retenção da receita médica. Apesar de não abranger os anti-inflamatórios como um todo, a medida foi bem recebida pelo meio médico como forma de reduzir o uso indevido desses remédios.

Em julho do mesmo ano, a ANVISA deu início a um estudo que culminou no cancelamento dos medicamentos Prexige, da Novartis, e da apresentação de 120 mg do Arcoxia, fabricado pela Merck Sharp & Dohme. As dosagens de 60 e 90 mg do Arcoxia continuam nas prateleiras, mas com a venda controlada por meio da retenção da receita médica.

Apesar das medidas tomadas pela agência, o controle ainda é insuficiente de acordo com a maioria dos profissionais da área da saúde. “Regulamentar só uma parte dos AINEs não faz sentido. Os anti-inflamatórios tradicionais também podem ter efeitos colaterais severos, alguns deles foram até mesmo associados ao maior risco de morte por eventos tromboembólicos”, afirma Aline.

Feldman acredita que o problema continua sendo o uso indiscriminado dos anti-inflamatórios. “O controle ainda é muito precário, especialmente em relação aos AINEs tradicionais. A maioria não precisa nem da receita e isso é um absurdo. A automedicação é sempre ruim, mas em relação a esses remédios é ainda mais perigosa. O maior problema é que o paciente não sabe avaliar os riscos. Falta informação.”



* Texto retirado da revista Med Atual

segunda-feira, 8 de agosto de 2011

Doenças Negligenciadas: da Relevante Mortalidade à Inexpressividade Financeira

Com baixa prevalência em países desenvolvidos e predominando como tropicais, certas doenças não apresentam atrativos econômicos para que a indústria farmacêutica desenvolva novos fármacos. As doenças mais comuns classificadas nesse grupo são leishmaniose, doença do sono, tuberculose, malária, esquistossomose, hanseníase, dengue e doença de Chagas.


Etima-se que um total de 1 milhão de mortes ocorram por essas doenças no mundo todos os anos, o que dá uma média de 3 mil mortes por dia! Não possuem tratamentos ou os existentes não são os mais adequados. Os tratamentos são de 30, 40 ou 50 anos atrás e muitas vezes são mais maléficos que a própria doença.

A doença de Chagas é um exemplo clássico dessa negligência. Causada pelo protozoário Tripanossoma cruzi, sua apresentação é silenciosa na maioria dos casos. Como é transmitida principalmente por insetos (barbeiros) que vivem em locais de habitação precária, praticamente inexiste em países desenvolvidos. Desde sua descoberta por Carlos Chagas, em 1909, os únicos medicamentos desenvolvidos no decorrer dos anos para combater a doença foram o nifurtimox e o benzonidazol, ambos muito tóxicos, com efeitos colaterais importantes e quase sem efeitos na fase crônica, quando a maioria dos casos é descoberta.

A malária está presente em 110 países do mundo e ameaça cerca da metade da população mundial, concentrando-se na África Subsaariana e na Amazônia americana, de acordo com dados da Organização Mundial de Saúde. É importante causa de mortalidade em crianças menores de cinco anos na África, com custo estimado de US$ 1,2 bilhão de dólares anuais apenas na África. Quando não mata, a morbidade é alta, pois os prejuízos são diretos na educação de crianças com aumento da repetência escolar. Estima-se que só na África a doença cause um retardo de crescimento de 1,3% em áreas com alta endemicidade. As drogas utilizadas no seu tratamento não acompanharam a evolução da resistência, e são comuns descrições de pessoas com 20 ou 30 infecções por malária durante a vida.

Investimentos
Os dados referentes a investimentos nessas doenças são alarmantes. Em 30 anos (de 1975 a 2004), apenas 1,3% dos medicamentos novos lançados no mercado era para doenças negligenciadas (gráfico).

O Brasil é o país em desenvolvimento que mais investe na descoberta de novos medicamentos e em estudos para essas doenças, sendo o sexto no mundo em investimentos. No ano de 2009, foram investidos US$ 37 milhões de dólares, dobrando o investimento em relação a 2008. Essa iniciativa está relacionada ao setor privado apenas em pequena parte, mas na sua maioria é feita por incentivo governamental ou organizações não governamentais.

DNDi
Esta é a sigla em inglês para iniciativa Medicamentos para Doenças Negligenciadas. Representa uma parceria para o desenvolvimento de produtos sem fins lucrativos, mas com a finalidade de pesquisar e desenvolver novos medicamentos para essas doenças. 

Foi criada pela ONG Médicos Sem Fronteiras, com ações importantes associadas a países de todo o mundo, como o Instituto Pasteur na França e FIOCRUZ no Brasil, tendo atualmente subdivisões e estrutura segmentada, como a DNDi América Latina. Em sua página na internet (www.dndi.org), apresenta informações sobre essas doenças, estratégias para combate e apresentação de novos medicamentos desenvolvidos pela iniciativa. Assim, medicamentos como a combinação de artesunato + amodiaquina para malária na África; combinação de artesunato + mefloquina para tratamento de malária na América do Sul; e nifurtimox + eflornitina para tratamento da doença do sono na África são drogas menos tóxicas, mais efetivas e mais baratas em comparação às existentes atualmente.

Mesmo com a melhora dos investimentos, tais doenças estão longe de um combate digno de sua importância. Enquanto ações mais efetivas não são realizadas, elas permanecem à espera de melhora das condições financeiras de países em desenvolvimento ou de aumento de sua incidência em países desenvolvidos, estimulando novas pesquisas.

Novos medicamentos desenvolvidos
Entre 1975 e 2004, foram 1.556: em 30 anos, apenas 21 deles foram destinados às doenças negligenciadas.


* Texto extraido da Revista MedAtual

terça-feira, 2 de agosto de 2011

Evolução das vacinas na pediatria

Desde o início da vida, é aplicada uma variedade de vacinas na criança objetivando impedir o acesso de doenças e vírus naquele corpo por um período longevo ou até por toda a existência, através da resposta de anticorpos. Partindo desse princípio, o foco maior da imunologia é a área pediátrica.


De acordo com Marco Aurélio Palazzi Sáfadi, Mestre em Pediatria aplicada pela UNIFESP e professor assistente da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo, contamos com um arsenal cada vez maior de vacinas, e hoje os estudos são cada vez mais precisos, no sentido de identificar os benefícios e os riscos, o que é inerente em qualquer procedimento médico. “Claro que existem riscos implicados, mas, hoje, quando se licencia uma vacina, ela já foi alvo de muitos estudos e pesquisas, que garantem a qualidade daquele produto em termos de eficácia e em termos de segurança também”, explica o especialista.

HPV
Entre tantos exemplos de vacinas, citamos a do vírus HPV, que tem sua transmissão relacionada ao início da vida sexual. Hoje, a vacina tem sido aplicada em meninas que ainda nem chegaram à adolescência e ainda são inativas sexualmente. “É uma vacina que demonstrou alta eficácia para a prevenção dessa infecção quando aplicada antes do início da vida sexual. Como é profilática, se administrá-la depois que já houve o contato com o vírus, a eficácia não é a mesma, será menor”, adverte Sáfadi. Embora especialistas defendam que a alta eficácia das vacinas ocorra de acordo com o tempo de prevenção, a questão tem gerado temor por uma parte da sociedade, já que podem causar efeitos colaterais indesejáveis, principalmente a uma criança ainda em fase de desenvolvimento.

Causas e efeitos
Em comparação com casos de grandes epidemias do passado, vê-se uma geração bastante saudável hoje, pois houve um controle das doenças nos últimos anos. Segundo o médico, as vacinas têm um papel importante nisso, pois ao controlarem algumas doenças que produziam sequelas, diminuíram um percentual de pessoas que poderiam ter hoje consequências de poliomielite, paralisia, algo mais comum em pessoas acima de 50 anos.

Quando se fala em produtos biológicos, não há nenhum totalmente inócuo, pois sempre poderá ocorrer um efeito adverso, que faz parte da história dos medicamentos. E não é diferente com as vacinas, pois a imunologia ativa já causou, desde seu início, espantosos efeitos colaterais, levando a óbito muitos pacientes. “O importante é estudar a vacina e ter certeza de que ela tem um perfil que beneficie um grande percentual dos indivíduos que a recebem, ao custo de um ou outro que infelizmente tem um efeito adverso. Isso faz parte realmente de algumas vacinas e cada vez mais se tenta diminuir a chance desses eventos adversos. Algumas vacinas podem produzir tais eventos, mas em escala ínfima, perto do benefício que elas propiciam”, explica.

Porém, há quem diga o contrário, caso de diversos movimentos antivacina, que alegam que são mais prejudiciais ao ser humano do que benéficas, especialmente em crianças. E comparam, através de estudos, que muitas doenças já haviam diminuído suas taxas de prevalência/incidência antes mesmo das campanhas de vacinação. Como exemplo das campanhas, no Reino Unido, espalhou-se o conceito de que a vacina combinada contra sarampo, caxumba e rubéola seria a causa do autismo, doença mundialmente prevalente.



* Texto extraído da Revista MedAtual

terça-feira, 26 de julho de 2011

Vacina contra o HPV

Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) estimam em 20 a 40% a prevalência global do HPV na população de mulheres sexualmente ativas, sendo esperado um aumento anual de 300 milhões no número de portadoras do vírus ao redor do globo. Nos Estados Unidos, algumas bases de dados sugerem que 3 em cada 4 mulheres apresentarão a infecção pelo HPV em algum momento da vida. No Brasil, pesquisas mostraram que 12 a 20% das mulheres adultas com citologia cervical normal, sem sintomas nem lesões visíveis, são portadoras do vírus, facilitando a transmissão sexual do agente.

Uma vez que não existem técnicas para erradicar o vírus do organismo humano, as tentativas de evitar a progressão das lesões incluem desde ressecções cirúrgicas de parte ou de todo o colo uterino até cirurgias amplas com a retirada do útero, tubas, paramétrios e parte da vagina, no caso de o carcinoma já ter-se disseminado localmente. Logo, estratégias preventivas sobre o vírus e sua forma de transmissão parecem ser a maneira menos agressiva e mais custo-efetiva de abordar o problema.

No Brasil, o Ministério da Saúde recomenda a realização da colpocitologia oncótica (Papanicolau) anualmente a mulheres sexualmente ativas. Além disso, executa programas educacionais em nível nacional sobre a necessidade de consultas regulares ao ginecologista e práticas sexuais seguras e disponibiliza informações sobre o câncer de colo do útero, o HPV e outras DSTs. Porém, o governo brasileiro ainda não oferece a vacina contra o HPV na rede pública, deixando a estratégia preventiva sem um de seus componentes mais importantes.

Atualmente, existem duas vacinas comercialmente disponíveis: a quadrivalente Gardasil® (HPVs 6, 11, 16 e 18), da gigante farmacêutica Merck Sharp & Dohme, e a bivalente Cervarix® (HPVs 16 e18), da Glaxo Smith Klein. Ambas já foram aprovadas para uso, em mulheres de 9 a 26 anos, em diversos países, por agências de vigilância à saúde, como o FDA (Food and Drug Administration) americano e a ANVISA (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) brasileira.

Com o potencial de reduzir 70% dos casos de câncer de colo uterino e 90% das verrugas genitais, essas vacinas são produzidas a partir de partículas chamadas VLPs (Virus Like Particles), obtidas por técnicas de engenharia biomolecular e cuja estrutura tridimensional é semelhante à cápsula do vírus, fato que deflagra a resposta imunológica pretendida. Estudo recente com 27 mil mulheres de 33 países mostrou que a vacina quadrivalente é eficaz em prevenir 99% das infecções persistentes e lesões de alto grau causadas pelos HPVs 16 e 18, os subtipos mais cancerígenos. Pesquisa envolvendo 18.700 mulheres com idade entre 15 e 25 anos mostrou eficácia semelhante da vacina bivalente. A proteção mostrou-se eficaz por 4 a 5 anos após a aplicação de 3 doses (0, 2 e 6 meses) em mulheres que ainda não tinham iniciado a vida sexual, e os efeitos colaterais têm sido relatados em menos de 1% dos casos e incluem dor discreta no local da aplicação e febre baixa.

Embora vários estudos tenham demonstrado eficácia e segurança, as vacinas contra o HPV não serão tão facilmente incluídas no Calendário Oficial de Vacinação do Ministério da Saúde. “A vacina tem um custo alto, o que dificulta o acesso universal”, diz a especialista em Doenças Infecciosas e Parasitárias, Tânia Mara Varejão Strabelli, da Universidade de São Paulo. De fato, uma única dose da vacina chega a custar U$S 140,00 junto aos fabricantes. No Brasil, clínicas particulares chegam a cobrar R$ 500,00 por uma única aplicação. Ainda assim, a procura pela vacina tem aumentado progressivamente em clínicas e laboratórios desde seu lançamento, garante Strabelli. Além do custo, outras questões parecem acalorar os debates entre os especialistas.

Em abril de 2007, o Grupo de Trabalho de Vacinas do Ministério da Saúde deu parecer contrário à incorporação dessa vacina ao Programa Nacional de Imunização, alegando alto custo e ausência de informações consistentes sobre a vacina, como a duração da imunidade conferida e a necessidade de vacinação de reforço. A proteção cruzada também tem sido discutida, já que as vacinas atuais parecem não conferir imunidade a outros subtipos de HPV: 30% dos casos de câncer de colo uterino podem estar relacionados aos HPVs 31, 33 e 58, não cobertos pelas vacinas. Além disso, uma campanha de vacinação relacionada a uma DST, direcionada a mulheres jovens e sexualmente inativas, pode ter pouca aceitação caso não venha acompanhada de muita informação sobre o HPV e sua relação com doenças graves.

Parece inegável que tais tópicos tenham sido objetos de bastante discussão, não só nas esferas públicas, mas também em congressos e entidades especializadas. Em termos técnicos, a vacina contra o HPV é segura e eficaz e, portanto, necessária. Do ponto de vista do contribuinte brasileiro, ela passa a ser um dever do Estado, já que este deve prover saúde a toda a população. Mas, da perspectiva do Ministério da Saúde, disponibilizar a vacina na rede pública requer um cálculo preciso: custos de tratamento com lesões associadas ao HPV versus o custo da vacina em rede nacional. Tendo em vista a conduta atual do poder público, o segundo fator desta conta parece estar se sobressaindo, e, assim, novas pesquisas serão necessárias para diminuir o custo até que a vacina seja disponibilizada na rede pública. Enquanto isso não acontece, milhares de mulheres brasileiras deverão, por conta própria, procurar proteção contra o vírus, por meio tanto da vacina no setor privado quanto da adoção de práticas sexuais seguras.

Texto retirado da Revista MedAtual

segunda-feira, 25 de julho de 2011

Fisioterapia e Medicina em um mesmo objetivo: a cura

Cada vez mais inseridos no ambiente hospitalar, principalmente nas Unidades de Terapia Intensiva, os profissionais de fisioterapia têm comprovado a eficácia de uma equipe multidisciplinar na recuperação dos pacientes. Distanciando-se do senso comum de que servem apenas para a reabilitação de funções do organismo, recentes pesquisas mostram que a atuação do fisioterapeuta junto ao paciente pode diminuir o tempo de internação, reabilitar o indivíduo ao cotidiano e promover a melhoria de sua qualidade de vida após o período hospitalar. Segundo estudos realizados por Clarice Tanaka, professora do Departamento de Fisioterapia, Fonoaudiologia e Terapia Ocupacional da Faculdade de Medicina da USP, as sessões de fisioterapia reduzem em até 40% o tempo de permanência do paciente internado na UTI, desde que haja o acompanhamento sem interrupções nas 24 horas do dia.

No Brasil, embora tenham existido profissionais técnicos especialistas em movimentos do corpo, a profissão de fisioterapeuta é recente. Em 1929, o médico Waldo Rolim de Moraes instalou o serviço de fisioterapia do Instituto Radium Arnaldo Vieira para atender aos pacientes da Santa Casa de Misericórdia de São Paulo. Posteriormente, organizou o serviço de fisioterapia do Hospital das Clínicas de São Paulo. 

O Decreto-Lei nº 938, de 13 de outubro de 1969, determinou que o fisioterapeuta é o profissional da área de saúde a quem compete executar métodos e técnicas fisioterápicas, com a finalidade de restaurar, desenvolver e conservar a capacidade física do paciente. “O fisioterapeuta tem como objetivo preservar, desenvolver ou restaurar a integridade de órgãos, sistemas ou funções do corpo”, afirma Ronaldo Hiroshi Hioki, fisioterapeuta especialista em RPG. “Como processo terapêutico, o profissional utiliza conhecimentos e recursos próprios, com base nas condições psicofísicossocial, promovendo, aperfeiçoando e adaptando a pessoa a uma melhoria da qualidade de vida.”

Fisioterapia respiratória
Segundo regulamentação da AMIB (Associação de Medicina Intensiva Brasileira), um dos quesitos mínimos necessários para o funcionamento de uma UTI é um profissional de fisioterapia para cada dez leitos, revezando entre os turnos matutino, vespertino e noturno, perfazendo um total de 18 horas. Nos hospitais, sua principal área de atuação é na fisioterapia respiratória.

Em expansão, foi essa especialidade que permitiu a entrada do fisioterapeuta nas UTIs. “A partir do momento em que mostramos que temos conhecimentos científicos dos sistemas cardiorrespiratório, neurológico e locomotor, conquistamos espaço dentro dos centros de saúde públicos e privados”, diz Ademilson Pedroza Lago, especialista em fisioterapia respiratória e em UTI. Ainda segundo ele, é função do médico realizar a avaliação e o diagnóstico e indicar os medicamentos necessários para o tratamento. 

E é ele, também, quem prescreve a fisioterapia como um recurso de atuação direta junto ao paciente, com o objetivo de melhorar o tratamento com exercícios e manobras. “Quando temos um paciente muito grave, com risco de vida, ele é entubado e colocado na ventilação mecânica. Nesses casos, nós, junto com o médico, ajustamos os parâmetros da máquina para adequá-la à oxigenação desse paciente”, explica o profissional.

Quando internado, o paciente fica na UTI restrito ao leito. Nessa situação, o pulmão tende a entrar em colapso. Além disso, por ser o hospital um ambiente contaminado, o indivíduo torna-se suscetível a infecções no sistema respiratório, como a broncopneumonia e a pneumonia. “Através da realização de manobras de higiene brônquicas, a tendência é diminuir o risco de contrair essas infecções”, afirma Lago.

O fisioterapeuta que atua nas UTIs também é responsável por ajudar o paciente a conseguir mobilizar a secreção pulmonar que naturalmente tende a se acumular nessas situações. Para isso, ele realiza mudanças de decúbito e manobras de drenagem postural. Assim, com a força da ação da gravidade, consegue-se direcionar o muco pulmonar para a saída por esse tubo. “Além disso, fazemos a tapotagem e a vibrocompressão, que têm por objetivo melhorar a capacidade pulmonar. Assim melhoro a capacidade funcional ventilatória, previno infecções e facilito o desmame da ventilação mecânica”, explica o fisioterapeuta.

Outras especialidades fisioterápicas
Não só a fisioterapia respiratória é aplicada nos hospitais. “Tendemos a priorizar a respiração, mas atendemos de forma global”, afirma Lago. Também são aplicadas técnicas de cinesioterapia, que aliam as atividades pulmonares a exercícios com o aparelho locomotor: “Dessa forma, mobilizo o paciente mais precocemente para ele voltar a ter equilíbrio, sentar e andar, por exemplo”.

Com o cardiopata, são realizados exercícios específicos para reabilitação cardíaca, além da fisioterapia respiratória. “Como o paciente tem uma redução na sua capacidade de realizar exercícios, o fisioterapeuta acompanha o processo de reabilitação moldando o coração do indivíduo e preparando-o para as necessidades que ele terá no decorrer da vida”, explica Lago. Nesse caso, gradualmente, as manobras praticadas ajudam o paciente a sentar e andar pelo quarto, por exemplo, até que ele ganhe capacidade cardíaca e esteja apto novamente a demais atividades.

Em casos neurológicos, além da fisioterapia respiratória, tem início um trabalho de reabilitação com exercícios específicos. Segundo o fisioterapeuta, espera-se que o paciente tenha uma sequela, e, quanto mais cedo aplicar a fisioterapia, a tendência é conseguir uma recuperação mais precoce.

O profissional de fisioterapia também atua juntamente às pessoas com fraturas ou que passaram por cirurgia ortopédica. “Além da fisioterapia respiratória, fazemos exercícios com o objetivo de reabilitar o sistema musculoesquelético molestado com ganho de força e conseguir uma habilitação mais precoce”, explica Lago.

Depois do período hospitalar, o paciente deve manter sua consulta com o fisioterapeuta até a alta. “Sem a assistência fisioterapêutica, ele pode ficar com sequelas motoras que podem comprometer a sua atividade e qualidade de vida”, afirma Hioki. “Alguns médicos ainda são céticos em relação à importância da fisioterapia. No entanto, se houvesse um melhor diálogo entre os profissionais da saúde, a recuperação teria uma resposta melhor e mais rápida.”



* Texto retirado da Revista MedAtual

terça-feira, 12 de julho de 2011

Impedindo infecção por Escherichia Coli

A manifestação recente de infeção por Escherichia Coli na Alemanha põe uma bactéria potencialmente fatal para trás sobre todos os ecrãs do radar. Enquanto alguns investigadores procuraram uma melhor maneira de tratar a doença, a professora Debora do departamento de química e de biologia da universidade de Ryerson está tomando uma atitude diferente. Ela e sua equipe de investigação estão explorando uma maneira de impedir o início da doença relativa à Escherichia Coli. 

Em colaboração com investigadores da universidade estadual da Califórnia do Sul e de San Diego, Debora está investigando um agente antimicrobial que poderia ser usado para desenvolver um pulverizador para as frutas e verduras que são contaminadas pela Shiga Escherichia Coli, mesma que causou a manifestação recente na Alemanha. 

Esta bactéria contamina o intestino grosso, causando a colite hemorrágica e conduzindo ocasionalmente a mais sérios problemas e até mesmo à vida.“Nós estamos investigando um antimicrobial que interfira com os mecanismos do reparo do DNA que permitem a bactéria de Escherichia Coli de sobreviver à exposição ao ácido gastrico humano,” promove explicado. “Um de nossos mecanismos de defesa naturais é a ação de matança do ácido do estômago. Nossa estratégia é desenvolver um agente antimicrobial preventivo que realce a ação da matança".

sexta-feira, 27 de maio de 2011

Como instalar o software SAPO – Sistema de Avaliação Postural

Eu fiquei por muito tempo tentando o processo de instalação do programa uma vez que utilizo-o em minhas aulas e pesquisas.
Então, para facilitar ai vai o que eu consegui consultando outros blogs e a propria Fapesp.

- Em primeiro lugar vc precisa ter JAVA instalado na sua máquina.
- Se não tiver, pode baixar em http://www.java.com/pt_BR/download/ 
- Salve-o em Arquivos de Programas
- Provavelmente, a versão do seu Java é mais recente que o 1.5 exigido pelo software. Na pasta do Java, provavelmente há uma sub-pasta com o seguinte nome: jre6.
Dentro da pasta Java que você encontra em: c:\Arquivos de programas\Java, crie uma pasta chamada jre1.5.0
- Em seguida, entre na sub-pasta jre6 e copie tudo o que está lá e cole tudo dentro da pasta jre1.5.0 que você acabou de criar.
- Você deve testar seu Java então vá para http://puig.pro.br/sapo/jws-test.html e teste-o
- Depois disso vá para http://incubadora.fapesp.br/Instala.SAPO.0.54.win.zip, baixe o arquivo que esta zipado e execute-o.

- Para atualizar na versão 0.68, acesse http://puig.pro.br/sapo/sapo.jnlp e clique no sapo.

Eu aconselho você a baixar no desktop . Assim, o programa estará sempre a mão.

Depois clique na figura do sapo.

Há uma inconveniente (mas o software roda direitinho) que é que cada vez que você vai entrar no programa ele instala novamente. É só ir aceitando e clicar em “sim para todos”.



O Artigo de validação do programa SAPO,  você encontra em CLINICS 2010;65(7):675-81.

Prof. Dr. Carlos Alberto Fornasari

quinta-feira, 3 de fevereiro de 2011

Cranberry e Infecções do Trato Urinário: Qual a Ligação?

A cranberry é uma fruta muito popular nos Estados Unidos, cultivada principalmente nas partes frias do Hemisfério Norte. Atualmente, um aumento expressivo de seu consumo tem sido observado no mundo, especialmente nos Estados Unidos e alguns países da Europa. No Brasil, embora ainda difícil de ser encontrada, seu consumo na forma de sucos industrializados, cápsulas importadas e polpa da fruta congelada tem aumentado nos grandes centros. A tradução de cranberry para o português é Oxicoco.

Tamanha popularização da cranberry tem sido atribuída a uma potente ação antioxidante capaz de prevenir inúmeras doenças, especialmente as infecções de repetição do trato urinário. A seguir, destacaremos o valor nutricional da cranberry, seus efeitos na saúde e possíveis contra-indicações relacionadas ao seu consumo.


Valor nutricional da cranberry
Do ponto de vista nutricional, a cranberry apresenta níveis moderados de vitamina C, fibras e manganês, e quantidades menos significativas de outros nutrientes. Já as quantidades dos antioxidantes luteína e zeaxantina são consideradas apreciáveis. A cranberry crua ou seu suco é considerada ainda uma fonte abundante dos flavonóides antocianidina, cianidina, peonidina e quercetina(1,2). O valor nutricional da cranberry crua encontra-se descrito na tabela abaixo (3).

Nutrientes da cranberry crua(3)
Nutriente
Valores por100 gramas
% da necessidade diária recomendada
Energia
46 kcal

Fibras totais
4,6 g
15,3%
Açúcares
4,04 g

Cálcio
8 mg
0,8%
6 mg
1,9%
0,15 mg
7%
Fósforo, P
13 mg
1,9%
Potássio, K
85 mg
1,8%
Sódio, Na
2 mg
0,1%
Vitamina C, total de ácido ascórbico
13,3 mg
16%
60 IU
9%
5,1 μg
6,4%
Beta Caroteno
36 μg
NE
91 μg
NE
NE: Recomendação diária não estabelecida


Efeito da cranberry na saúde
A cranberry é considerada uma grande fonte de polifenóis, fitoquímicos antioxidantes que têm sido alvo de inúmeras pesquisas que mostram benefícios na saúde cardiovascular, sistema imune e como agentes anticancerígenos (4,5). No entanto, sua ação no trato urinário e capacidade de inibir as cistites de repetição é que mais tem chamado a atenção da literatura científica.


Os flavonóides antocianidina, cianidina, peonidina e quercetina têm um efeito ainda desconhecido na saúde humana, mas uma potente ação antioxidante contra o câncer em trabalhos in vitro. Contudo, a ação em humanos, que ainda não foi comprovada, mostra uma pequena absorção pelas células humanas e rápida eliminação do sangue(1,2).


Infecções no trato urinário e propriedades da cranberry
Estudos da literatura têm demonstrado um benefício potencial do consumo do suco de cranberry contra as infecções bacterianas do trato urinário. Estes efeitos ocorrem a partir de um componente do suco capaz de inibir a adesão e proliferação das bactérias na bexiga e na uretra, especialmente a Escherichia coli, bactéria responsável por aproximadamente 75% das cistites. A cranberry supostamente inibe a expressão de fimbrias da E.coli. Diversos estudos indicam que o consumo diário do suco de cranberry, por períodos de três meses a um ano, reduziu a recorrência de infecções no trato urinário em relação ao placebo, sendo que alguns estudos também mostram a eficácia em crianças (6, 7, 8, 9, 10). Em abril de 2004, a agência de saúde do governo francês que regula a produção de alimentos e medicamentos (AFSSA), aprovou o suco de cranberry como um agente antibacteriano para a saúde do trato urinário (11).


Aplicações similares em outros ensaios clínicos com ingestão de suco ou cápsulas de cranberry em pacientes com bexiga neurogênica e cateterismo vesical, condições que estão associados ao aumento da suscetibilidade a infecções urinárias, não tem comprovado a eficácia da cranberry (12,13,14).

É importante ressaltar que, apesar da promessa de atividade antibacteriana, o consumo de suco de cranberry a longo prazo tem evidências limitadas para os benefícios contra infecções no trato urinário em mulheres (15).


Possíveis contra-indicações
Em 2004, um alerta do Comitê de Segurança em Medicina do Reino Unido que lida com segurança de medicamentos, aconselhou que pacientes que usam o medicamento warfarina não devem ingerir suco de cranberry, pois reações adversas, como o aumento da incidência de machucados, foi reportado nesses pacientes, possivelmente pela presença natural de ácido acetilsalicílico em plantas ricas em polifenóis, como é o caso da cranberry. Contudo, estudos de caso e estudos pilotos realizados entre 2006 e 2008 têm falhado em confirmar tais efeitos, indicando que não houve interações significantes entre o consumo de 250 ml de suco de cranberry e utilização da warfarina na população em geral (16,17).

Referências bibliográficas
Duthie SJ, Jenkinson AM, Crozier A, et al. The effects of cranberry juice consumption on antioxidant status and biomarkers relating to heart disease and cancer in healthy human volunteers. Eur J Nutr 45 (2): 113–22, 2006.
Zheng W, Wang SY. Oxygen radical absorbing capacity of phenolics in blueberries, cranberries, chokeberries, and lingonberries. J Agric Food Chem. 51 (2): 502–9, 2003.
U.S. 3. 3. Department of Agriculture: Nutrient Data Laboratory -- USDA Nutrient Database A searchable index of food nutrient composition. Search on cranberries for raw cranberry nutrient composition. Search on cranberry for other cranberry products.
Seifried HE, Anderson DE, Fisher EI, Milner JA. A review of the interaction among dietary antioxidants and reactive oxygen species. J Nutr Biochem. 18 (9): 567–79, 2007.
Halliwell B. Dietary polyphenols: good, bad, or indifferent for your health?". Cardiovasc Res. 73 (2): 341–7, 2007.
Williams G, Craig JC. Prevention of recurrent urinary tract infection in children. Curr Opin Infect Dis ;22(1):72-6, 2009.
Guay DR. Cranberry and urinary tract infections. Drugs, 69(7):775-807, 2009
Ferrara P, Romaniello L, Vitelli O, Gatto A, Serva M, Cataldi L. Cranberry juice for the prevention of recurrent urinary tract infections: A randomized controlled trial in children. Scand J Urol Nephrol, 9:1-5, 2009.
Sumukadas D, Davey P, McMurdo ME. Recurrent urinary tract infections in older people: the role of cranberry products. Age Ageing, 38(3):255-7, 2009
Nergård CS, Solhaug V. Cranberries for prevention of recurrent urinary tract infections. Tidsskr Nor Laegeforen, 12;129(4):303-4, 2009.
Jepson RG, Craig JC. A systematic review of the evidence for cranberries and blueberries in UTI prevention. Mol Nutr Food Res 51 (6): 738–45, 2007.
Waites KB, Canupp KC, Armstrong S, DeVivo MJ. Effect of cranberry extract on bacteriuria and pyuria in persons with neurogenic bladder secondary to spinal cord injury. J Spinal Cord Med 27 (1): 35–40, 2004.
Lee BB, Haran MJ, Hunt LM, et al. Spinal-injured neuropathic bladder antisepsis (SINBA) trial. Spinal Cord45 (8): 542–50..
Cranberry health claims to boost sales in France, FoodNavigator.com-Europe, 2004.
Li Z, Seeram NP, Carpenter CL, Thames G, Minutti C, Bowerman S. Cranberry does not affect prothrombin time in male subjects on warfarin. J Am Diet Ass, 2006
Pham DQ, Pham AQ. Interaction potential between cranberry juice and warfarin. Am J Health Syst Pharm 64 (5): 490–4, 2007.

terça-feira, 18 de janeiro de 2011

Fonoaudiologia

Agora o Nutri&Fisio conta com mais uma especialidade:
Fonoaudiologia

Laser para Próstata

O Green Laser é um tipo de laser indicado para tratar casos de crescimento benigno da próstata -problema que atinge cerca de 85% dos homens e piora a qualidade de vida do paciente, que passa a ter dificuldade para urinar. O laser é aplicado na região e “dissolve” o tecido que cresceu em excesso, diminuindo a próstata. Será mais uma alternativa aos tratamentos existentes. O aparelho já foi adquirido pelo Hospital Alemão Oswaldo Cruz. O Hospital das Clínicas de São Paulo prevê a aquisição para o segundo semestre de 2009.
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