terça-feira, 23 de fevereiro de 2010

Transtornos alimentares


“Por reviravolta completa, o corpo trasforma-se em um objeto ameaçador que é preciso vigiar, reduzir e mortificar para fins estéticos, com os olhos fixos nos modelos emagrecidos e descartados de Vogue, onde é possível decifrar toda a agressividade inversa de uma sociedade da abundância em relação ao próprio triunfalismo do corpo e de toda recusa veemente dos próprios princípios.” (Baudrillard, 1991)

“O conceito de beleza é virtual. Os indivíduos como seres sociais sentem-se pressionados a corresponder ao “padrão” de beleza da sua cultura – que é exaustivamente apontado pela mídia. Algumas pessoas, nesse caminho, elegem o corpo como único representante de si mesmas e o controle de peso como forma de viver, não percebem o quão tirânica a beleza pode ser e, diante de um universo de possibilidades como ser humano, deixam de acreditar em si em nome de um modelo que será sempre inexistente.” (Roso, 1993)

“Essa tirania pode levar a quadros patológicos definidos: transtornos alimentares. Indivíduos que se encontram nessa categoria, em associação à procura do corpo ideal, procuram exaustivamente as dietas de emagrecimento. Buscando esse novo ideal de corpo e adequação a nova realidade alimentar, algumas pessoas chegam aos extremos, como no caso dos transtornos alimentares. A ciência da nutrição tem procurado acompanhar essas mudanças na alimentação e atualizar princípios e recomendações para uma dieta saudável.”

Fonte: Transtornos alimentares – Uma Visão Nutricional, Sonia Tacunduva Philippi, Marle Alvarenza, Editora Manole - 2004

terça-feira, 9 de fevereiro de 2010

Transplante de células-tronco da medula dá vida nova a pacientes com esclerose múltipla


Após cirurgia, doentes crônicos voltaram a fazer tarefas cotidianas, aponta pesquisa da USP

Pacientes com esclerose múltipla que se submeteram ao transplante de células-tronco hematopoiéticas (produzidas pela medula óssea) puderam voltar a sonhar com um futuro promissor.

Essa é a constatação do psicólogo Fábio Augusto Bronzi Guimarães, que avaliou a qualidade de vida desses pacientes antes e depois do tratamento, em sua dissertação de mestrado pela Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Ribeirão Preto. As informações foram divulgadas na agência de notícias da USP (Universidade de São Paulo).

A esclerose múltipla é uma doença autoimune, em que o sistema imunológico passa a ter uma hiperatividade, atacando o sistema nervoso central, causando inúmeros problemas em quase todas as funções motoras.

- É uma doença crônica e debilitante, afirma Guimarães.

O tratamento convencional, feito com imunossupressores e imunomoduladores, em casos mais graves não costuma surtir os efeitos esperados e a doença evolui. E isso automaticamente influencia a qualidade de vida dos doentes.

- A qualidade de vida é um bom indicador do impacto que a esclerose múltipla causa na vida da pessoa, assim como o impacto do tratamento para o paciente, ressalta o psicólogo.

Já o tratamento com células-tronco é agressivo. Primeiro, os médicos retiram as células-tronco da medula óssea e aplicam uma carga intensa de quimioterápicos, para destruir a medula que não funciona adequadamente. Por último, faz-se o transplante das células-tronco saudáveis, para que a nova medula funcione normalmente.

Entrevistas

Na pesquisa, Guimarães utilizou uma amostra de 34 pacientes, todos internados no HCFMRP, aplicando um método híbrido de pesquisa, sendo uma parte quantitativa e outra qualitativa. As informações foram coletadas por meio de perguntas feitas diretamente aos pacientes, e não por meio de prontuários e entrevistas com médicos responsáveis, tendo, portanto, um caráter mais subjetivo.

Eles foram entrevistados em três momentos: no pré-transplante, no pós-transplante imediato (30 dias após) e no pós-transplante tardio (um ano após).

As entrevistas revelaram que, após o transplante, uma maioria de pacientes reconheceu a evolução da saúde com o tratamento, conseguindo realizar pequenas tarefas do cotidiano. Uma minoria, porém, se demonstrou insatisfeita, pois tinham uma grande expectativa de melhora, mesmo com algumas evoluções e cessação de sintomas.

Nas entrevistas tardias (após um ano), Guimarães constatou que uma maioria de pacientes passou a sonhar novamente com um futuro mais promissor e retomaram antigos projetos.
- As relações com familiares e amigos ficaram mais fáceis após o transplante, muitas amizades afastadas foram retomadas, conta.

Laboratórios privados vão oferecer vacina contra H1N1 a partir deste mês


Pagar pela vacina é alternativa para quem não faz parte dos grupos prioritários

A partir da segunda quinzena de fevereiro, laboratórios de análises clínicas de São Paulo (SP), Curitiba (PR), Rio de Janeiro (RJ) e Fortaleza (CE) já disponibilizarão a vacina contra a gripe suína. O preço da dose não está definido, mas alguns laboratórios pretendem vendê-la a até R$ 60.

A procura pelo serviço pago pode ser uma alternativa de imunização para aqueles que não fazem parte de nenhum dos grupos que serão vacinados gratuitamente no Brasil a partir de 8 de março pelo SUS (Sistema Único de Saúde), ou seja, crianças de 3 a 19 anos e adultos de 30 a 59 anos.

No programa de vacinação público, criado pelo Ministério da Saúde, serão contemplados primeiro os trabalhadores da área de saúde, indígenas, pessoas com doenças crônicas, gestantes, crianças entre seis meses e dois anos, adultos de 20 a 29 anos e maiores de 60 anos, nesta ordem. Veja as datas de vacinação abaixo.

Em discurso no último dia 26 de janeiro, dia da divulgação do cronograma de vacinação, o ministro da Saúde, José Gomes Temporão, autorizou a comercialização de vacinas contra H1N1 por clínicas privadas no país, desde que priorizem os grupos de risco.

No entanto, quem optar pela vacinação paga dos laboratórios, fora o inconveniente de por a mão no bolso, terá o benefício de não precisar seguir o cronograma do governo, podendo ser vacinado após o pagamento.

Vacina: 90% de eficácia

Os laboratórios Delboni Auriemo e Lavoisier, em São Paulo (SP), Frischmann Aisengart Medicina Diagnóstica, em Curitiba (PR), Lâmina Medicina Diagnóstica, no Rio de Janeiro (RJ), e o Lab Pasteur, em Fortaleza, no Ceará, disponibilizarão a vacina contra a gripe suína, composta por cepas do vírus H1N1 pandêmico e outros dois tipos que circulam no hemisfério sul, um “A” e um “B”, a partir da segunda quinzena de fevereiro.

Com essa composição, a vacina estará adequada a todas as faixas etárias, de crianças menores de 5 anos a idosos, incluindo os grupos que estavam de fora do cronograma de vacinação do governo. A dose poderá custar de R$ 50 a R$ 60.

Segundo o médico sanitarista Ricardo Cunha, responsável pela área de vacinas da DASA (empresa responsável pelos laboratórios citados), “a vacinação apresenta até 90% de eficácia e é indicada para todas as pessoas com idade superior a seis meses de idade e deve ser aplicada anualmente, já que o vírus sofre mutações”.

O médico indica a vacina a gestantes somente a partir do terceiro mês da gravidez, sempre com orientação médica. As reações mais comuns, que atingem entre 10% e 20% dos vacinados, são dor e no local da aplicação, mas os sintomas desaparecem espontaneamente entre 24 e 72 horas após receber a dose, segundo Cunha.

A vacina não é indicada para pessoas com alergia comprovada à proteína do ovo, já que a produção é a partir de embriões de galinha.

A DASA não confirmou a data exata do começo da vacinação em seus laboratórios, mas informou que o serviço não precisará ser agendado. Quem quiser se vacinar bastará comparecer aos endereços dos laboratórios em horário comercial e pagar a taxa no local.

Governo tem prioridade no estoque

O laboratório Fleury Medicina e Saúde, de São Paulo, também já está em negociação com as farmacêuticas Sanofi Pasteur e GSK (Glaxo Smith Kline), produtoras das vacinas autorizadas pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), para começar a vacinação contra o H1N1 no início de março. Segundo o infectologista Celso Granato, assessor médico para doenças infecciosas do laboratório, o foco da negociação é conseguir um número de doses suficiente para disponibilizar o serviço.

- Temos a intenção [de vacinar contra o H1N1] e estamos em contato com os produtores de vacina. Mas a informação é de que a prioridade é para o estoque do governo.

Granato não informou de quanto será o preço da dose no Fleury, mas afirmou que haverá uma triagem no laboratório para saber se as pessoas estarão aptas a tomar a vacina.

De acordo com o diretor da Associação Brasileira de Imunizações, Renato Kfouri, não há confirmação se as farmacêuticas produtoras fecharão contratos de venda com muitos laboratórios de exames clínicos pelo país, o que não garante grande oferta de vacinas para as pessoas em geral.

- Há um problema mundial de abastecimento [de vacinas contra H1N1]. No Brasil, já chegou uma grande quantidade para uso público e há licença para a venda, mas depende dos laboratórios quererem ou não trazer as vacinas.

Quem não quiser pagar

Para quem não pretende pagar para se vacinar, esperar pela disponibilidade do serviço público pode ser uma opção sem grandes riscos. Segundo o infectologista Celso Granato, quanto mais pessoas se vacinarem, menor será a circulação do vírus, diminuindo a probabilidade de contágio.

- Se um número razoável de pessoas for vacinada, você vai interferir na circulação do vírus na comunidade. Então, mesmo que não se vacine todo mundo, as pessoas que não receberem a vacina vão se beneficiar pela imunização de outras pessoas que estarão menos suscetíveis [à infecção do vírus].

Veja as datas de vacinação pelo SUS

De 8 a 19 de março: todos os trabalhadores de saúde do setor público e privado, área de limpeza, recepcionistas, motoristas de ambulância e toda a população indígena.
De 22 de março a 2 de abril: população com doenças crônicas (diabetes, doenças renais, hepáticas, respiratórias e obesidade), exceto os idosos, crianças entre 6 meses e dois anos.
De 22 de março a 21 de maio: gestantes.
De 5 a 23 de abril: adultos de 20 a 29 anos.

segunda-feira, 1 de fevereiro de 2010

Ortopia - Corrigindo a Postura ao Sentar

Utilizando um avançado equipamento de ressonância magnética, pesquisadores do Hospital Wooden, em Aberdeen, Escócia, chegaram à conclusão de que a melhor maneira de se evitar a lombalgia (dor nas costas) não é sentar-se com a coluna reta mas com o encosto da cadeira na posição reclinada 135 graus para trás. O estudo, liderado por Wassem Amir Bashir, da Universidade Hospital Alberta, no Canadá, foi apresentado durante o encontro anual da Radiological Society of North America, no final do mês de novembro.

A pesquisa incluiu 22 voluntários que não apresentavam história de lombalgia ou de cirurgias prévias. Eles tiveram a coluna lombar examinada em um avançado sistema de ressonância magnética que permite a captação de imagens em movimento. Os voluntários experimentaram três posições diferentes ao sentar: com a coluna inclinada para frente, em um ângulo menor ou igual a 70 graus; com a coluna ereta a 90 graus; com a coluna reclinada para trás 135° e os pés apoiados no chão. Os pesquisadores mediram os ângulos assumidos pela coluna, a altura do disco intervertebral e sua movimentação nas diferentes posições.

Quando a força exercida pelo peso corporal é aplicada sobre a coluna ocorre movimentação do disco intervertebral, causando o deslocamento do núcleo pulposo (material interno do disco). Esse deslocamento é maior na posição inclinada, com a coluna a 90 graus e menor na posição reclinada a 135 graus, indicando que menos força é aplicada na coluna lombar, músculos e tendões na posição mais relaxada. A posição inclinada para frente revelou redução importante na altura do disco intervertebral, principalmente nos dois níveis mais baixos, o que pode levar ao desgaste e até possíveis rompimentos dos discos.

É evidente a relação entre postura ao sentar e dores nas costas. De acordo com a British Chiropractic Associaton, as pessoas passam mais de dez horas sentadas por dia, em média. Dois terços dos habitantes de centros urbanos chegam em casa à noite após o trabalho e sentam-se de novo. Com base no estudo Baschir e equipe advertiram que para diminuir a ocorrência de lombalgias é preciso corrigir a postura sentada, utilizando para tanto uma cadeira que permita o posicionamento ideal de 135 graus.

Fonte: Bashir W. A. et al.The way you sit will never be the same! Alterations of lumbosacral curvate an intervertebral disc morphology in normal subjects in variable sitting positions using whole-body positional MRI. Radiological Society of North América Annual Meeting, 2006. Session: Musculoskeletal (Intervertebral Disks: Diagnosis an Intervention).
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